PROEX: Aplicabilidade da ecotecnologia dos wetlands construídos no tratamento de esgoto sanitário de forma descentralizada no campus da UFSC

18/04/2019 09:46

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Por Julia Breda () / Estagiária de Jornalismo

A PROEX, Pró-reitoria de Extensão, lançou, em agosto de 2018, o Edital nº 3/2018/PROEX – Extensão e Sustentabilidade na UFSC. O edital foi pensado a partir da meta de “Realizar Editais de Pesquisa e Extensão que privilegiem projetos que tenham como temática a sustentabilidade dentro da UFSC”, do Plano de Logística Sustentável 2017, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de projetos de extensão que promovam políticas de sustentabilidade na UFSC.

Para participar, as propostas deveriam apresentar ações a serem desenvolvidas na universidade com objetivos voltados para questões como: sistemas de descentralização de esgotamento sanitário, economia de água, eficiência energética, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos e orgânicos, preservação de fauna e flora, educação e sensibilização ambiental. Também deveriam ser contemplados aspectos como interdisciplinaridade e união entre ensino, pesquisa e extensão.

O edital previa a concessão de bolsas de extensão para alunos de graduação envolvidos nos projetos e recurso financeiro para ser utilizado em material de divulgação. Em dezembro, foram divulgados os selecionados para as bolsas de Extensão.

Essa é a segunda de uma série de matérias com o objetivo de apresentar cada um dos projetos que foram selecionados.

Aplicabilidade da ecotecnologia dos wetlands construídos no tratamento de esgoto sanitário de forma descentralizada no campus da UFSC

O tratamento de esgoto realizado pela CASAN, não atende a todas as regiões da Universidade Federal de Santa Catarina – não apenas no Campus Trindade, mas em outros campi também. Nessas áreas, o tratamento realizado atualmente é individualizado, ou descentralizado: tratado no local onde foi produzido. Mas existem maneiras de tratamento mais avançadas, além de fossa filtro e sumidouro. Essa é a área de atuação do Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (GESAD), fundado em 2004, autor do projeto “Aplicabilidade da ecotecnologia dos wetlands construídos no tratamento de esgoto sanitário de forma descentralizada no campus da UFSC”. No laboratório, diversas tecnologias para tratamento descentralizado são estudadas, mas o foco principal é o tratamento por meio de Wetlands construídos – o grupo tem uma estação experimental de tratamento de esgoto desde junho de 2015, onde os wetlands são implantados em escala real, perto do Restaurante Universitário. O laboratório tem sua sede no departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Wetlands construídos, também conhecidos como filtros plantados com macrófitas (uma planta aquática que absorve nutrientes, presentes em excesso no efluente de esgoto), são sistemas de engenharia projetados para utilizar os processos naturais que envolvem a vegetação, o solo e suas populações microbianas, associadas ao tratamento de águas residuárias. Por otimizarem os processos de ambientes naturais, esses sistemas são considerados opções ecologicamente corretas e sustentáveis. “Essas áreas que não são atendidas pelo sistema centralizado precisam de tratamento” explica Amanda Kempt,  mestranda em Engenharia Sanitária e pesquisadora do GESAD, “a gente não pode simplesmente lançar esse esgoto sem tratamento no meio ambiente, porque isso causaria um prejuízo muito grande”.

Os wetlands têm uma boa eficiência de tratamento, já que consegue remover uma porcentagem grande de matéria orgânica e de nutrientes. Além disso, seu custo de construção e de operação são baixos, e ele também tem manutenção e operação simples. Apesar de suas vantagens, e do seu crescimento fora do país, os wetlands ainda são pouco conhecidos no Brasil. “Muitas vezes você fala em wetlands e as pessoas nem sabem o que é, acham que só o tratamento da CASAN é o que existe, mas não”, afirma Larissa Walzburiech, bolsista do projeto. “E além dos wetlands, existem outros [tratamentos alternativos] também”.

O objetivo do projeto é demonstrar a aplicação dos wetlands para as localidades da UFSC que necessitam de uma alternativa de tratamento. “A ideia é mostrar, não só para a universidade, mas para todo mundo da comunidade acadêmica, como eles podem ser implantados e quais as vantagens que eles podem trazer” esclarece Amanda. Ao final, será realizado um projeto de alguma localidade com wetland construído na UFSC, para exibir o que seria o resultado final de sua implantação.

O primeiro passo do projeto, agora com a bolsa, é mapear as áreas da UFSC – em todos os campi – que têm o sistema de tratamento centralizado e quais áreas ainda não são contempladas. Depois desse levantamento, o grupo pretende identificar a possibilidade de implantar a tecnologia nessas áreas. Mas o objetivo desse projeto não é estabelecer o tratamento. “A gente não vai conseguir fazer um projeto para todas. Provavelmente vamos pegar um exemplo ou dois e fazer um dimensionamento de como ficaria. Para mostrar que ali poderia ser aplicado: esse seria o sistema, as dimensões dele, a eficiência que ele pode atender”, explica a mestranda. Assim, o grupo vai demonstrar como isso pode acontecer e, já fora do projeto, a possibilidade de implantar em outras localidades.

Os wetlands ainda têm a vantagem trazer um embelezamento paisagístico, já que ele é feito com plantas e fica exposto, e por isso possuem grande potencial para serem empregados como área verde urbana em loteamentos e condomínios – e, diferente do tratamento convencional, esse tratamento não produz cheiro forte. “Ele traz essa beleza e fica a mostra, então, como as pessoas conseguem ver, acabam se importando mais com o saneamento de uma forma geral”, reconhece Kempt. E ela é otimista quanto à divulgação da ideia dos Wetlands. “Eu acho que aos poucos conseguiremos difundir mais essa informação, fazer com que as pessoas conheçam mais essas tecnologias”.

¹ Informação disponibilizada pelos participantes do projeto.

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Estação piloto de Wetlands construídos da GESAD. (Foto: Reprodução GESAD)