CGA instala projeto-piloto de barreira ecológica no Campus Trindade

16/09/2019 15:48

No início de 2017, o morador da Região Metropolitana de Curitiba, Diego Saldanha, ganhou muita visibilidade ao apresentar nas redes sociais a sua ação de construção de uma barreira ecológica para impedimento da passagem de resíduos sólidos no Rio Atuba, região onde morou por toda a sua vida. Depois dessa divulgação, a ideia se espalhou e muitas pessoas seguiram seu exemplo. A Figura 1 ilustra o método criado por Diego:

                Figura 1: Barreira ecológica construída por Diego Saldanha no Rio Atuba
                Fonte: https://www.greenme.com.br/informar-se/ambiente/6197-ecobarreira-mais-de-1-tonelada-de-lixo-do-rio

A barreira é construída de forma simples: rede que envolve uma série de bombonas plásticas que flutuam, podendo acompanhar as mudanças do nível de água do rio, além de corda e estacas presas às margens para fixar a barreira. O material acumulado é retirado com uma coca de pesca.

Na UFSC, a acadêmica Taiana Gava do Departamento de Engenharia Sanitária Ambiental realizou Trabalho de Conclusão de Curso intitulado ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS QUE INFLUENCIAM NO SURGIMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA REDE DE DRENAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO MEIO, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS/SC,  principal curso da água que atravessa o campus Trindade, no ano de 2012.

O estudo implantou uma grade metálica na seção do curso da água para retenção dos resíduos sólidos carreados para o curso da água. O estudo constatou durante os 14 dias de monitoramento que o total de precipitação é diretamente proporcional ao surgimento dos resíduos sólidos no curso da água, sendo a maioria composta por plásticos e materiais de construção. Segundo a autora, materiais perigosos e microlixo foram os tipos/tamanho de resíduos mais preocupantes encontrados, dentre os quais bitucas de cigarro.

Cursos da Água Taiana Grafico

   Figura 2: Correlação entre a massa de resíduos sólidos em cursos da água e precipitação total diária acumulada.
Fonte: GAVA (2012)

Em 2019, a Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA) da UFSC propôs a instalação de duas barreiras ecológicas piloto, a primeira no Córrego Carvoeira (próximo à Biblioteca Central) e a segunda no Rio do Meio, próximo à Reitoria I, conforme Figura 3. Locais estes que cobrem a totalidade da área de contribuição de drenagem à montante do campus Trindade..

Figura 3: Localização das barreiras ecológicas no Campus Trindade.

O Campus Trindade da UFSC está inserido na Bacia Hidrográfica do Manguezal do Itacorubi. O principal curso d’água que atravessa o Campus é o Rio do Meio, que nasce na Costeira do Pirajubaé, formando então a sub-bacia do Rio do Meio, à qual todo o território do Campus está inserido e que também estão inclusos os bairros Pantanal, Carvoeira, Serrinha e pequenas parcelas dos bairros Córrego Grande e Trindade. A exutória dessa sub-bacia (ponto de menor altitude da bacia hidrográfica onde todo o escoamento superficial gerado no interior da bacia é drenado) encontra-se na fronteira nordeste da UFSC, onde o Rio do Meio recebe mais dois afluentes e passa a se chamar Rio Três Córregos. O Rio segue em parte retificado e em parte meandrado pelo manguezal até desaguar no Córrego Grande a poucos metros da exutória final da Bacia Hidrográfica do Manguezal do Itacorubi, na baía norte de Florianópolis:

Figura 4: Localização do Campus Trindade na Bacia Hidrográfica do Rio do Meio e Bacia Hidrográfica do Manguezal do Itacorubi.

A área do manguezal do Itacorubi é um berçário natural de vida marinha e costeira, sendo protegida em Florianópolis por decreto municipal, declarando-a como Parque Municipal, sendo toda a Área de Preservação Permanente e não edificável. Em 2019, o parque estava em transição de adequação com a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Segundo o Instituto Mangue Vivo, o Manguezal do Itacorubi é o segundo maior manguezal urbano do país.

A poluição por resíduos sólidos dos córregos é frequente, sendo visível a alta quantidade de materiais plásticos como sacolas e garrafas, bem como madeira e metais, dentre outros. O principal motivo é a disposição inadequada dos resíduos sólidos próximo aos córregos. Os resíduos, quando não são colocados em lixeiras ou coletores são carreados pelas chuvas e ventos aos cursos da água.

A instalação da barreiras ecológicas no Campus Trindade teve por principal objetivo a conscientização da comunidade universitária quanto à problemática dos resíduos sólidos nos córregos, bem como, reter resíduos de baixa densidade, que geralmente costumam percorrer longas distâncias nos cursos d’água.

Foram realizadas durante três meses coletas com periodicidade quinzenal de resíduos acumulados na barreira e nas margens do curso da água. Em média, a cada ação eram recolhidos de 20 a 50 litros de resíduos.

A barreira 1 foi instalada no dia 11/09/2019 pelos membros da CGA envolvidos no projeto. A barreira 2 não foi instalada.

Espera-se que trabalhos semelhantes, de extensão ou pesquisa possam ter continuidade na UFSC, tanto no campus Trindade como nas demais unidades.

Além da concientização da comunidade universitária e externa sobre a problemática dos resíduos sólidos, a ação contribui significativamente na melhoria ambiental e paisagística dos cursos da água.

 

Se você tem interesse em desenvolver projeto relacionado na UFSC, entre em contato com CGA: 

Referências:

Barreira Ecológica: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2017/01/morador-cria-barreira-para-evitar-que-poluicao-desca-rio-abaixo-no-parana.html.

Manguezais de Florianópolis: http://www.clicrbs.com.br/sites/swf/DC_mangue/index.html

GAVA, T. Análise das características que influenciam no surgimento dos resíduos sólidos urbanos na rede de drenagem da bacia hidrográfica do rio do meio, município de Florianópolis. TCC(graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Tecnológico. Engenharia Sanitária e Ambiental. Florianópolis. 2012.